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Especializada em envidraçamentos especiais e líder nacional no desenvolvimento de soluções e projetos estruturais em vidro, a TG | TECHNICAL GROUP destaca-se pela capacidade de executar projetos de forma única e exclusiva. Desenvolve projetos e obras em parceria com os principais escritórios de arquitetura e construtoras do país.

Entrevista: Maurício Margaritelli

Redação AECweb

Transparência, leveza e estética incomum são os principais argumentos das estruturas em vidro, que começam a invadir o lobby dos edifícios comerciais de alto padrão no Brasil. Constituído por colunas, vigas e fachadas, o sistema se viabiliza com o uso de silicone estrutural e ferragens específicas – às vezes, busca o reforço de cabos de aço. O engenheiro Maurício Margaritelli, titular da TG | Technical Glass Group, empresa especializada no desenvolvimento de projetos e instalação de soluções em vidro, fala ao AECweb sobre a performance do material e as exigências técnicas que dão segurança à obra.

AECweb – Por que criar uma empresa vinculada a projetos de vidros estruturais?
Margaritelli – Atuando durante muitos anos como executivo de indústria multinacional de vidros, percebia a carência no mercado de uma empresa especializada em projetos de vidros estruturais, na qual a caixilharia e a ferragem fossem também tratadas, porém como sistemas complementares.

AECweb – Como se comporta o sistema em vidro estrutural?
Margaritelli – O envidraçamento é classificado como estrutural quando substitui as estruturas de suporte padrão das fachadas, ou seja, concreto e aço. O vidro se comporta estruturalmente, resistindo aos esforços de vento e de peso próprios da fachada. Essa condição é obtida através de colunas e vigas de vidro ou de cabos de aço, e sempre contando com o vidro da fachada como elemento estrutural. Da mesma forma que se faz com as demais estruturas, as vigas de vidro podem ser engastadas ou bi apoiadas – lógico que respeitando os limites de resistência e de flexibilidade do material.

AECweb – O vidro tem a mesma resistência do concreto ou do aço?
Margaritelli – É difícil fazer essa comparação, sem considerar o fato de que cada material tem comportamento próprio de compressão, tração e resistência a impactos. O vidro suporta cargas equivalentes a uma estrutura de aço ou de concreto. Há situações em que o vidro não poderá substituir essas outras estruturas. É o caso de grandes vãos, maiores de 30 metros, em que as vigas de vidro já não respondem como o aço e o concreto. Isto só seria possível com o reforço de cabos de aço. Porque há a limitação de fabricação do material, que exigirá muitas ligações – a fragilidade do sistema está nas ligações e não no vidro.


AECweb – Quais as dimensões das chapas de vidro?
Margaritelli – A chapa padrão de vidro float tem 3,21 m x 2,40 m e a chamada ‘jumbo’ chega a 6,00 m x 3,21 m. Já o vidro laminado e temperado, que é a base do sistema estrutural, chega a 4,50 m x 2,40 m no Brasil. No exterior, se consegue chapas maiores de até 7,00 m x 2,50 m. O gargalo está na fase de têmpera, por conta do tamanho do fornos existentes aqui. Como a demanda por vidro estrutural ainda é pequena, a indústria nacional de transformação entende que não vale o investimento em fornos maiores.

AECweb – Como são tratadas as juntas entre as chapas de vidro?
Margaritelli – Em fachada de vidro, é obrigatório fazer o cálculo de pressão de ventos, portanto, nem vou me ater a isso. Já a vedação dos encontros dos vidros é feita com silicone estrutural. A ligação dos vidros às estruturas – sejam elas de vidro, aço ou concreto – é feita com alguns tipos de acessórios, como o tipo ‘spider’ convencional que são peças em aço inox ou aço carbono, além daqueles mais atuais, bonitos e esbeltos. Existem ligações em outros materiais, como o Flexiglass que é transparente, dando ótimo resultado estético para o conjunto. Estou num projeto de grande dimensão, com 18 m de altura e 700 m de área de fachada, todo em vidro, inclusive colunas, que usará as ligações transparentes. É o lobby de entrada de um edifício comercial de alto padrão, em São Paulo, que está em fase de fundações.

AECweb – Quais os outros cuidados com as ligações?
Margaritelli – É preciso que as ligações respeitem o limite de tensão do vidro. Na têmpera, há uma tensão muito grande acumulada nas bordas e na furação, por este motivo deve-se respeitar distâncias seguras entre as bordas e os furos, assim como a ferragem deve prever a dissipação de energia necessária para fixação no botão que liga o vidro à estrutura. Para estruturas mais pesadas, deve ser feita uma análise de tensão intrínseca ao vidro, nas proximidades da furação e do elemento de fixação. Em geral isto é feito por análise de elementos finitos e indicará o quão perto se chega ao limite de resistência do material.

AECweb – O vidro pode estar em contato com o metal?
Margaritelli – Além do papel que cumpre nas ligações, as ferragens devem respeitar e assegurar a flexibilidade do vidro. Por exemplo: uma ferragem ‘spider’ tem que dissipar um pouco a energia transferida para a estrutura. E, se a estrutura for de vidro, o cuidado é maior porque na coluna também tem furos que vão sofrer tensões, assim como os vidros ‘spider’ da fachada. É preciso inserir, necessariamente, um elemento intercalante – borracha – entre o vidro e qualquer elemento metálico que o agrida, que fará essa distribuição de energia por dentro do furo e pela superfície plana da fachada. Mas não pode ser qualquer borracha.

AECweb – O vidro estrutural pode quebrar?
Margaritelli – Se a borracha romper e o parafuso encostar-se ao vidro, há risco de quebra. Na fachada estrutural, com coluna e viga de vidros, não tem apenas um elemento de estruturação: se quebrar uma coluna de vidro estrutural, a fachada não vai cair. O próprio envidraçamento com vidro laminado temperado, silicone estrutural e as ligações cumprem o papel de estruturação. Quando o vidro laminado temperado fragmenta, não perde totalmente a resistência. Outro ponto importante: além do polivinil butiral (PVB) usado na laminação, hoje tem o SentryGlas, material da DuPont que aumenta a resistência do conjunto temperado laminado, enquanto o PVB reduz. Isso contribui muito para o projeto ousar e descarregar tensão para os elementos do sistema.

AECweb – Qual o nível de segurança possível para um obra nesse sistema?
Margaritelli – Vai depender de cada obra, de sua altura e do entorno. Para se ter uma idéia de grandeza, numa obra de piscina em vidro, onde há uma pressão muito grande sobre o material, trabalhamos com fator de segurança 4. Ou seja, o vidro resiste quatro vezes mais à tensão a que está submetido. Para fachada convencional, podemos pensar em fator de segurança de 60%. Já para as colunas, o mínimo tem que ser 100%, ou seja, estarão submetidas à metade da força a que resiste. Nas vigas, o mínimo é 3. Essa segurança já está acima das cargas estipuladas por normas técnicas.

AECweb – Qual o melhor argumento em favor do vidro estrutural?
Margaritelli – Esse sistema construtivo incorpora, a um só tempo, tecnologia e resultado estético sem igual. Uma construção toda em vidro é incomparável em leveza, transparência e sofisticação. Para o empreendedor, é a valorização do imóvel: ele tem em mãos, uma jóia. Está se tornando uma prática a construção de todo o prédio de acordo com as exigências das certificações de impacto ambiental, como o LEED, e o lobby com envidraçamento estrutural, verdadeiro palácio. E que pode utilizar, também, vidro de controle solar. Temos feito vários prédios comerciais de alto padrão seguindo essa premissa, como o Rec Berrini, projeto de Aflalo & Gasperini, executado pela Hochtief.

AECweb – As escadas e pisos de vidro pedem os mesmos cuidados?
Margaritelli – Sim, porém esses elementos construídos em vidros, apesar de serem tecnologias mais conhecidas no Brasil, exigem atenção, especialmente as escadas. O país tem condições e produz os vidros necessários e as ferragens para projetos e instalação das escadas mais ousadas. Procuramos desenvolver ferragens para suprir as limitações da precisão na fase de transformação do vidro. São vários os projetos realizados.

Maurício Margaritelli: Engenheiro responsável pela criação, em 2005, da empresa TG | Technical Glass Group. Atuou como executivo da Pilkington Brasil desde 1995, empresa onde ocupou várias funções técnicas e gerenciais, tendo atuado ao mesmo tempo nos cargos de gerente nacional de vendas da CEBRACE e na gerência da franquia Blindex, além de ser o responsável técnico pela empresa.


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